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Artigos 28/01/2025

A Polarização e as Borboletas

O ex-presidente Barack Obama, já em seu final de mandato, uma vez refletiu sobre os esforços dos democratas para a inclusão de minorias, sugerindo que “talvez as pessoas queiram apenas voltar para suas tribos.” Essa questão, descrita no livro de Ben Rhodes, lança luz sobre a complexa dinâmica de polarização política e social que afeta não apenas os Estados Unidos, mas também outras democracias, como o Brasil.

A transição de poder de Obama para Donald Trump em 2016 pode ser interpretada como uma reação à crescente polarização e ao sentimento de muitos americanos de que suas vozes não eram ouvidas. Trump capitalizou esses sentimentos, oferecendo uma plataforma que prometia dar voz a grupos que se sentiam deixados para trás. Essa alternância não só redefiniu a política interna dos EUA, mas também influenciou a percepção internacional do país, evidenciando a divisão entre diferentes segmentos da sociedade.

No Brasil, a alternância de poder entre partidos também reflete tensões sociais e políticas semelhantes. O domínio prolongado de certos grupos políticos (PT: 2002 a 2025, com interregno entre 2018/22) pode levar a um excesso de confiança, ignorando as demandas de partes significativas da população. Assim como nos EUA, a mudança de poder muitas vezes surge como uma resposta do eleitorado que busca renovação e representação mais justa. Essa dinâmica destaca a importância de entender as expectativas e frustrações dos eleitores brasileiros.

A polarização crescente representa um desafio significativo tanto para a política americana quanto para a brasileira. O risco de divisões profundas pode minar a coesão social e dificultar a governabilidade. No entanto, essas transições de poder também oferecem oportunidades para repensar políticas e buscar maior inclusão e diálogo. A chave está em equilibrar as demandas de diferentes grupos. A alternância de poder nos EUA e no Brasil serve como um lembrete desse equilíbrio.

A reflexão de Obama sobre as “tribos” políticas destaca a necessidade de encontrar maneiras de superar a polarização.

Sociedades não são de esquerda ou de direita. São formadas por tecido fino como asas de borboletas, em núcleos mais ou menos homogêneos e esparsos. Assim com as borboletas, mudam de direção em linda forma de expressão natural, mesmo que a partir de belos sobressaltos.


André de Almeida.

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