Neste fim deste ano tão atípico, repleto de receios e promessas, cabe refletirmos sobre nossas experiências recentes, reavaliar nossos atos, bem como acertar nossas bússolas na direção de um futuro mais promissor.
Ao contrário dos excessos e da complexidade das análises que objetivam, em especial nesta época do ano, ao mesmo tempo reinventar a roda resolver todos os problemas do mundo, nossa intenção, bem mais simples e modesta, é o convite para fazermos um cálculo, do que gostaríamos de acrescentar ou suprimir em 2023, com base em nossas experiências recentes.
A maior perda de todas, evidentemente, se refere aos cerca de 700 mil lugares vazios que teremos em nossas mesas para as festividades de final de ano (e milhões ao redor do mundo), cada um deles uma tragédia irreparável, consequência de uma epidemia que, embora arrefecendo, continua a matar e expôs, sem filtros, muito do pior e do melhor das nossas sociedades. Em nossa conta, portanto, acrescentaríamos menos politização e mais ciência, menos histrionismo e mais preparo técnico, menos oportunismo e mais respeito à vida.
Quanto à situação política, nossos votos são de que as renovações trazidas se traduzam em menos discursos e mais ação, menos retórica ideológica e mais pragmatismo, menos exacerbação e mais moderação, menos cinismo e mais integridade, menos desfaçatez e mais honra, menos histerismo e mais decoro, menos destempero e mais autocontenção.
Do ponto de vista sociopolítico, menos sobressaltos e mais coragem, menos desordem e mais cooperação, menos forma e mais conteúdo, menos animosidade e mais companheirismo, menos tumulto e mais disciplina, menos influenciadores sociais e mais trabalhadores especializados, menos fake e mais news.
Na economia esperamos menos inércia e mais foco, menos bagunça e mais governança, menos entraves e mais soluções, mais produtividade e menos burocracia, mais responsabilidade fiscal e menos descontrole, mais crescimento e menos pessimismo, mais transparência nas contas públicas e menos indecisão, regulação cada vez mais clara da atividade econômica e menos subjetividade.
A quantidade, gravidade e complexidade dos nossos problemas comuns, ao invés de nos paralisar, impõe uma adequação e reavaliação de nossas responsabilidades individuais e coletivas, com base em princípios éticos que permitam nossa convivência sustentável.
Evidentemente que os problemas do mundo não vão se resolver facilmente, mas acreditamos na força dos resultados cumulativos e, portanto, desejamos que todas as experiências traumáticas pelas quais recentemente enfrentamos permitam que cada um de nós, após fazer suas contas individuais, adeque seu rumo para, dentro de sua esfera de atividade, acrescentar algo de positivo ao país e, se possível, ao mundo o qual dividimos.
Quando tudo parece incerto e duvidoso, é hora de pensar levando em conta os princípios mais básicos, aqueles mais simples, como moral, honestidade e caráter, fundamentais como parâmetros comportamentais.
Ninguém se sustenta sobre bases que não sejam sólidas e é imperioso neste momento focarmos em nossas fundações éticas, base do equilibro de qualquer estrutura, seja física, psicológica, social ou política. É simples como uma conta de padaria, mas é a única que pode dar certo.
André de Almeida, Sócio e CEO do Almeida Advogados
Acesse o artigo publicado pelo Diário do Nordeste.